Crianças em situação de risco têm aulas de teatro no CRAS Cenaura Peixoto
Acolher crianças e adolescentes, seus familiares e a comunidade em geral, fortalecendo vínculos e prevenindo situações de risco, especialmente a violência doméstica e o trabalho infantil. É assim que as equipes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) vêm transformando vidas no Pilar. No Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Cenaura Peixoto, por exemplo, 30 jovens com idades entre 6 e 15 anos já começam a desenvolver atributos importantes, como sociabilidade e coordenação motora, graças às aulas de teatro.
As aulas com o professor Wagner Santos acontecem duas vezes por semana, quando os alunos também utilizam mamulengos (fantoche típico do Nordeste brasileiro) feitos com material reciclável. Ele conta que, após três meses de introdução ao teatro, uma das turmas já se prepara para uma encenação em praça pública, neste final de semana, na Chã do Pilar. “Todos estão muito entusiasmados. E eles também vão assistir, pela primeira vez, a uma apresentação no Teatro Gustavo Leite, onde, no próximo dia 18 de novembro, será exibido o espetáculo Pavão Misterioso”, revela o instrutor.
Para Santos, porém, o mais importante não é simplesmente mostrar o que eles aprenderam, mas celebrar a vitória de cada aluno frente a desafios que, até pouco tempo, pareciam insuperáveis. “O teatro é uma ferramenta muito importante nesse sentido. Alguns tinham dificuldades, inclusive, com a própria fala, enquanto outros, com a parte motora. Por isso é que trabalhamos vários aspectos, e tudo de forma muito lúdica. Isso porque muitos deles vivem uma realidade adversa, e por várias razões. Nós buscamos, portanto, ressignificar as coisas e permitir que cada criança possa desenvolver toda a sua imaginação e criatividade”, analisa.
No mesmo espaço de convivência, os jovens também têm aulas de recreação, música e artesanato. Zayra Hadassa, 9 anos, participa das atividades no contraturno e integra a equipe que vai realizar uma apresentação alusiva ao Dia da Consciência Negra. “Gosto muito das aulas. É tudo muito divertido”, atesta a aluna do professor de música José Jarbas, que, por sua vez, explica a metodologia do trabalho.
“Nós atuamos em várias frentes, realizando uma busca ativa, conversando com os pais dessas crianças e, dessa forma, complementando o processo de ensino e aprendizagem iniciado na escola. E tudo é feito conforme cada faixa etária, facilitando, assim, a compreensão de todos”, afirma o instrutor, acrescentando que, neste Natal, o coral do SCFV vai novamente encantar a todos durante os festejos na orla lagunar da cidade.
“Eles também botam a mão na massa com as aulas de artesanato. Este ano, todos vão pintar camisas com as cores da bandeira do Brasil, para que possam assistir às partidas da Seleção na Copa devidamente caracterizados”, emenda Jarbas.
Atenção ao idoso – E o SCFV também contempla a turma da Melhor Idade, que reúne 50 mulheres, entre elas, Maria Armilda Braga. A pilarense de 65 anos, inclusive, é uma das mais entusiasmadas durante as aulas de dança. “Eu me machuquei há um mês após sofrer uma queda de bicicleta. Mas não consigo ficar parada. Agradeço a Deus por ter me recuperado, porque não sei ficar sem dançar. Adoro tudo isso. Deixei de beber graças à atividade física e, hoje, até subo no palco para me exibir dançando”, relata a aposentada.